quarta-feira, 22 de junho de 2016

O Agricultor e a Serpente

Aquele que espera pela gratidão de um ingrato é duas vezes tolo ...






Um agricultor, homem simples do campo, caminhava pela sua pequena propriedade numa bucólica manhã de inverno a examinar seu plantio, quando, sobre o chão ainda coberto pela neve da noite anterior, viu uma Serpente que jazia completamente enrijecida e congelada pelo intenso frio.
E embora soubesse o quanto aquela Serpente poderia ser mortal, ainda assim, comovido pelo estado da probre criatura, pegou-a com cuidado, e com a intenção de aquecê-la e salvar sua vida, colocou-a no bolso do seu casaco.
E em pouco tempo, a Serpente, aquecida naquele confortável ambiente que a protegia do frio, foi recuperando suas forças. Ao sentir-se viva outra vez, colocou a cabeça para fora do bolso do sobretudo daquele homem que lhe salvara a vida e mordeu seu braço. E ao sentir a inesperada picada, o lavrador logo se deu conta da gravidade daquele ferimento. E caindo desfalecido pelo efeito do mortal veneno, sabia que apenas poucos minutos de vida lhe restavam.
E em seu último suspiro, ergueu com dificuldade a cabeça, e disse: “Aprendi com o meu trágico destino, que nunca deveria apiedar-me de alguém que por natureza já nasceu mau...”
Moral da História:
Do ponto de vista de um ingrato, não há boa ação que o favoreça, nem benfeitor que sacie sua ambição.

Autor: Site de Dicas, Esopo [1] 
10 de Dezembro de 2015

quarta-feira, 30 de abril de 2014


O CaSo do EsPeLhO






Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapê esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma Loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho na mão: _ Mas o que é que o retrato do meu pai está fazendo aqui ? _ Isso é um espelho _ explicou o dono da loja. _ Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem ficaram molhados. _ O senhor... conheceu meu pai ? _ pergunntou ele ao comerciante. O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira. _ É não ! _ respondeu o outro. _ Isso é o retrato do meu pai. É ele sim ! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo ? E o nariz ?E aquele sorriso meio sem jeito ? O homem quis saber preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho. Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez sinal de cruz tapando a boca com as mãos. Em seguinda, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando. _ Ah, meu Deus ! _ gritava ela desnorteada. _ É o retrato de uma mulher ! meu marido não gosta mais de mim ! A outra é linda demais ! Que olhos bonitos, Que cabeleira solta ! Que pele macia ! A mulher é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu! _ Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher chorando sentada no chão, não tinha feito comida . _ Que é isso mulher ? _ Ah, seu traidor ! Quem é aquela mulher lá no retrato ? _ Aquele mesmo que ocê escondeu na gaveta da penteadeira! O homem não estava entendendo nada. _ Mas aquilo é o retrato do meu pai ! indignada, a mulher colocou as mãos no peito : _ Sem vergonha pensa que eu não sei a diferença entre um velho e uma mulher horrorosa ? A discussão fervia feito água na chaleira. A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não conseguia mais voltar para casa. _ O que é isso menina ? _ Aquele sem vergonha arranjou outra ! _ Ela ficou maluca ! _ berrou o homem, de cara amarrada. _ Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá no quarto, mãe ! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá ! É o retrato de uma mulher ! A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada. _ Só se for retrato da bisavó dele ! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia , velha, murcha, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que já vi até hoje ! E completou, feliz abraçando a filha : _ Fica tranquila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova.

Conto popular recontado por Ricardo Azevedo.
                            O tempo cura tudo




                             
                                                                 


Era uma vez um passarinho que morava num ninho no alto de uma mangueira. Quando a mamãe passarinha saía cedinho para procurar alimento, falava:
- Ó filhinho, não saia do ninho. Você ainda é um filhotinho, pode cair lá embaixo e se machucar.
Mas o passarinho morria de vontade de dar as suas voadinhas, experimentar as suas asinhas cheias de peninhas. Experimentou uma vez. Experimentou a segunda. Quando experimentou a terceira, caiu e quebrou uma asa. Saiu, andando pelo chão, arrastando a asa, procurando uma ajudinha.
- Ó minha amiga vaquinha, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha.
A vaquinha, muito mal-humorada, disse que não entendia de asas. O passarinho continuou o seu caminho, arrastando a sua asinha quebrada. Até que encontrou um cavalo e pediu ajuda de novo, coitadinho.
- Ó meu amigo cavalinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha.
O cavalo relinchou e disse que não consertava asas. Não era veterinário.
E lá se foi o passarinho andando, pedindo ajuda a todo mundo que encontrava, ouvindo sempre o mesmo. Até que encontrou um rio, muito transparente, e parou para beber água.
- Ó meu amigo riozinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha! E o rio de águas claras cantarolou:
- Bote aqui a sua asinha bote aqui no leito meu e depois não vá dizer que você se arrependeu.
E com todo cuidado, enfaixou a asinha do amiguinho, sorrindo dizendo:
- Dê um tempo ao tempo, fique quieto uns dias no seu ninho, meu passarinho!
E foi o que o passarinho fez.
Voltou para o seu ninho e deixou o tempo passar, bem quietinho.
O tempo passou.
Ele sarou e aprendeu a voar bem direitinho.
E no seu primeiro vôo sozinho, levou uma flor para o seu amigo riozinho. Ele agradeceu com um sorriso claro.
- O tempo cura tudo. É só dar tempo ao tempo, amigo passarinho.

Autoria desconhecida 




sábado, 17 de setembro de 2011

A OVELHINHA NEGRA !

Era uma vez uma ovelhinha diferente das suas irmãs de rebanho: era negra. Por isso, era desprezada e sofria todo tipo de maus tratos. As outras lhe davam mordidas, patadas; procuravam colocá-la em último lugar no rebanho. Quando estavam num prado pastando, o rebanho inteiro tentava não deixar que a ovelhinha negra provasse uma ervazinha sequer. Dessa forma, sua existência era horrível.
Farta de tanto desprezo, a ovelhinha negra afastou-se do rebanho. Durante muito tempo vagou sem rumo pelo bosque. Quando anoiteceu, exausta, a ovelhinha deitou-se, sem perceber, em um monte de farinha, onde dormiu.
Ao raiar o dia, acordou e viu, cheia de surpresa, que se havia transformado em uma ovelha muito branca, imaculada. Voltou então ao seu rebanho, onde foi muito bem recebida e proclamada rainha, pela sua bela aparência.
Naquela ocasião, estava sendo anunciada a visita do príncipe dos cordeiros, que vinha em busca de uma esposa.
O príncipe foi recebido no rebanho com grandes honras. Enquanto ele observava as ovelhas que formavam o rebanho, desabou uma violenta tempestade. A chuva dissolveu a farinha que cobria o pêlo negro de nossa ovelhinha, e ela recuperou sua cor natural.
Quando a viu, o príncipe resolveu que seria a escolhida. As outras ovelhas perguntaram por quê.
- É diferente das outras. E isso, para mim, é suficiente.
Assim, a ovelhinha negra tornou-se princesa e teve, finalmente, o destino justo que merecia.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Águia e a Gralha



Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras.

Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa.

Ela então voou para alto e tomou impulso. Então, com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a intenção de também carregá-la presa às suas garras.

Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças.

O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar.

À noite a levou para casa e entregou como brinquedo para seus filhos.


"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.

"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."


Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Borboleta Orgulhosa !




A borboletinha era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!

Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de desprezo.

- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que você? costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.

Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus próprios pais e irmãos, como se ela não houvesse nascido naturalmente, mas tivesse sido enviada diretamente do céu. Tratava-os com enorme frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.

- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade como deveria. Isso vai destruí-la! previniu-a solenemente um sábio do bosque.

A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.

Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua rede apoderou-se dela. Como é triste ver a borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!

Cada um tem aquilo que merece. Não adianta pôr a culpa de nossos erros nos outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é responsável pelo seu próprio sucesso ou fracasso.