sábado, 17 de setembro de 2011

A OVELHINHA NEGRA !

Era uma vez uma ovelhinha diferente das suas irmãs de rebanho: era negra. Por isso, era desprezada e sofria todo tipo de maus tratos. As outras lhe davam mordidas, patadas; procuravam colocá-la em último lugar no rebanho. Quando estavam num prado pastando, o rebanho inteiro tentava não deixar que a ovelhinha negra provasse uma ervazinha sequer. Dessa forma, sua existência era horrível.
Farta de tanto desprezo, a ovelhinha negra afastou-se do rebanho. Durante muito tempo vagou sem rumo pelo bosque. Quando anoiteceu, exausta, a ovelhinha deitou-se, sem perceber, em um monte de farinha, onde dormiu.
Ao raiar o dia, acordou e viu, cheia de surpresa, que se havia transformado em uma ovelha muito branca, imaculada. Voltou então ao seu rebanho, onde foi muito bem recebida e proclamada rainha, pela sua bela aparência.
Naquela ocasião, estava sendo anunciada a visita do príncipe dos cordeiros, que vinha em busca de uma esposa.
O príncipe foi recebido no rebanho com grandes honras. Enquanto ele observava as ovelhas que formavam o rebanho, desabou uma violenta tempestade. A chuva dissolveu a farinha que cobria o pêlo negro de nossa ovelhinha, e ela recuperou sua cor natural.
Quando a viu, o príncipe resolveu que seria a escolhida. As outras ovelhas perguntaram por quê.
- É diferente das outras. E isso, para mim, é suficiente.
Assim, a ovelhinha negra tornou-se princesa e teve, finalmente, o destino justo que merecia.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Águia e a Gralha



Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras.

Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa.

Ela então voou para alto e tomou impulso. Então, com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a intenção de também carregá-la presa às suas garras.

Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças.

O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar.

À noite a levou para casa e entregou como brinquedo para seus filhos.


"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.

"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."


Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Borboleta Orgulhosa !




A borboletinha era uma beleza, mas achava-se uma beldade. Devia, pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!

Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela era alvo de risinhos e de desprezo.

- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais bela e elegante do que você? costuma ela dizer, fazendo-se de muito importante.

Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus próprios pais e irmãos, como se ela não houvesse nascido naturalmente, mas tivesse sido enviada diretamente do céu. Tratava-os com enorme frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.

- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade como deveria. Isso vai destruí-la! previniu-a solenemente um sábio do bosque.

A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas uma leve inquietação aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu esses pensamentos e continuou sua atitude habitual.

Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua rede apoderou-se dela. Como é triste ver a borboletinha vaidosa atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!

Cada um tem aquilo que merece. Não adianta pôr a culpa de nossos erros nos outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é responsável pelo seu próprio sucesso ou fracasso.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A galinha dos Ovos de Ouro.




Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo:

_ Veja! Estamos ricos!

Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.

Na manhã seguinte, a galinha pôs outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço. E assim aconteceu durante muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria. E pensou:

"Se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!"

Matou a galinha e, por dentro, ela era igual a qualquer outra.

Moral: Quem tudo quer tudo perde.




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domingo, 27 de março de 2011

O CaSo do EsPeLhO


Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um esplho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho na mão: _ Mas o que é que o retrato do meu pai está fazendo aqui ? _ Isso é um espelho _ explicou o dono da loja. _ Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem ficaram molhados. _ O senhor... conheceu meu pai ? _ perguntou ele ao comerciante. O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira. _ É não ! _ respondeu o outro. _ Isso é o retrato do meu pai. É ele sim ! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo ? E o nariz ?E aquele sorriso meio sem jeito ? O homem quis saber preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho. Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez sinal de cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando. _ Ah, meu Deus ! _ gritava ela desnorteada. _ É o retrato de uma mulher ! meu marido não gosta mais de mim ! A outra é linda demais ! Que olhos bonitos, Que cabeleira solta ! Que pele macia ! A mulher é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu! _ Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher chorando sentada no chão, não tinha feito comida . _ Que é isso mulher ? _ Ah, seu traidor ! Quem é aquela mulher lá no retrato ? _ Aquele mesmo que ocê escondeu na gaveta da penteadeira! O homem não estava entendendo nada. _ Mas aquilo é o retrato do meu pai ! indignada, a mulher colocou as mãos no peito : _ Sem vergonha ! pensa que eu não sei a diferença entre um velho e uma mulher horrorosa ? A discussão fervia feito água na chaleira. A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não conseguia mais voltar para casa. _ O que é isso menina ? _ Aquele sem vergonha arranjou outra ! _ Ela ficou maluca ! _ berrou o homem, de cara amarrada. _ Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá no quarto, mãe ! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá ! É o retrato de uma mulher ! A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada. _ Só se for retrato da bisavó dele ! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia , velha, murcha, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que já vi até hoje ! E completou, feliz abraçando a filha : _ Fica tranquila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova !!!!!


Conto popular recontada por Ricardo Azevedo